Do triste ao doce

Ao son de Come In With Rain – Taylor Swift

 

Tinha desejos como toda jovem. Em certos momentos tinha o desejo de apagar alguns episódios de sua vida. E quem não tem? Acontece que especialmente numa segunda ensolarada de verão, quase ao fim do dia, ela queria tê-lo apagado por completo. Grave! Nem ela definia ao certo por qual razão. Além disso, mal ela pensou que o dia ainda não havia acabado. Quem sabe um “alívio imediato” a embalasse e retirasse dela aquela sensação de inaproveitamento do dia. Triste e angustiante sensação. Estranho que nada de ruim havia ocorrido, a não ser que…

O fato de ter sido um dia abafado, longo, ou… ops! Não era qualquer dia. Concorde comigo, caro leitor, que parte das segundas feiras é angustiante desde o meio dia do domingo anterior.

Naquela segunda, até fora trabalhar mais cedo, trabalho relativamente tranqüilo, mas desde o momento em que tinha acordado a tal sensação já a acompanhava. Mais estranho é que ela era do tipo de pessoa feliz, que por outras três ou quatro vezes já quisera apagar dias por completo, e tirara isso de letra. Importava-se com as pequenas coisas da vida, dos dias, dos fragmentos de momentos… Uma boba.

De estranho passa a ser engraçado, pois foi justamente isso que salvou aquela jovem de toda triste angústia que a envolvia – o fato de ser boba.

No caminho de volta para casa, já no fim da noite, de repente uma refrescante gota de chuva a toca e escorre por sua face, neste instante olha para o céu e a chuva perde a timidez ao mesmo tempo em que ganha força. Ela andava como em câmera lenta, sentindo-se como em um filme em preto e branco dos anos trinta (onde os tons de cinza, ou mesmo as roupas e cortes de cabelo deixam tudo com ar de refrescante, como aquela primeira gota que sentira). Enquanto isso pessoas corriam muito enquanto reclamavam. Fugiam da chuva da mesma como quando fugiam do calor daquele longo dia.  Mas estava mesmo muito quente, não estava? Então, por que elas não aproveitavam e se refrescavam? Não entendia muito bem, mas não se importava. Naquele momento a doce sensação da chuva refrescante era para ela mais importante.

E em câmera lenta, feito boba alegre, esquecera, mais uma vez do inaproveitamento daquele dia e foi embora, embalada pela chuva – seu alívio imediato.

 

[Maria Beatriz. 18 de outubro de 2010]

Uma resposta to “Do triste ao doce”

  1. Tãããããão Poetaa @_@

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